O relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), divulgado nesta segunda-feira (20), concluiu que o descarrilamento do Elevador da Glória, ocorrido em 3 de setembro, foi provocado pelo rompimento do cabo que unia as duas cabines do funicular.
De acordo com o documento, o cabo instalado não atendia às especificações técnicas da Carris, operadora do sistema, e não possuía certificação para transporte de passageiros. Além disso, o material não era indicado para uso com destorcedores nas extremidades, condição presente no equipamento.
Circunstâncias do acidente
O bondinho, que liga a Praça do Rossio ao Bairro Alto e é um dos ícones turísticos de Lisboa, descarrilou por volta das 18h, chocando-se contra a fachada de um prédio próximo à Avenida da Liberdade. Dezesseis pessoas morreram — cinco portugueses e onze estrangeiros — e cerca de 20 ficaram feridas.
Falhas no processo de compra
A investigação identificou problemas internos na Carris durante a aquisição do lote que incluía dois cabos. As especificações enviadas aos fornecedores eram, na realidade, destinadas ao Elevador de Santa Justa, com alteração apenas no diâmetro, sem considerar diferenças de projeto. Um dos cabos operou por 600 dias; o que rompeu falhou após 337 dias de uso.
Técnicos responsáveis pela instalação notaram diferenças estruturais, mas não possuíam conhecimento para reconhecer a incompatibilidade. O setor de engenharia, consultado informalmente, presumiu que o item correspondia à alternativa prevista na especificação.
Medidas recomendadas
O GPIAAF recomendou que todos os demais funiculares de Lisboa permaneçam fora de serviço até serem inspecionados e equipados com sistemas de freio capazes de imobilizar as cabines no caso de rompimento de cabo.
Imagem: Internet
Posicionamento da Carris
Em nota ao jornal Correio da Manhã, a Carris afirmou que a compra do cabo ocorreu sob gestão anterior e que o relatório ainda não permite confirmar se as desconformidades foram decisivas para o acidente. A empresa declarou desconhecer detalhes apontados pela perícia e prometeu apurar responsabilidades.
O Elevador da Glória, inaugurado há mais de 140 anos, permanece fora de operação desde a tragédia.
Com informações de Hugo Gloss


