O chef paraense Saulo Jennings decidiu não participar do jantar do Earthshot Prize 2025, premiação ambiental idealizada pelo príncipe William, marcado para o Rio de Janeiro. A desistência foi confirmada na terça-feira (21) ao jornal O Globo, depois de o profissional ser informado de que o cardápio para os cerca de 700 convidados deveria ser totalmente vegano.
De acordo com Jennings, a organização do evento – que reúne equipe britânica e assessoria brasileira – comunicou que o menu não poderia conter nenhum ingrediente de origem animal, como carnes, leites ou queijos. O chef tentou incluir de 10% a 20% de pratos com peixe, mas não houve abertura para negociação. “Busquei um meio-termo, mas não foi possível”, resumiu.
Embaixador Gastronômico da Organização Mundial do Turismo, Saulo argumenta que a culinária amazônica engloba insumos da floresta e dos rios, especialmente o peixe, parte central de sua identidade culinária. “Meu propósito é mostrar a Amazônia por completo”, disse, destacando que sua recusa não está ligada à dificuldade de criar receitas veganas. Segundo ele, a imposição refletiria um receio em relação à comida regional.
O chef também reiterou que respeita o veganismo e lembrou que o Casa do Saulo, em Belém, foi um dos primeiros restaurantes da cidade a oferecer opções veganas. “Trabalho com inclusão, não com exclusão”, afirmou.
Com a saída de Jennings, o jantar passará a ser elaborado pela chef carioca Tati Lund, do Org Bistrô, reconhecido pela especialização em culinária vegetariana.
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Esta não seria a primeira vez que Saulo cozinharia para a família real britânica. Em 2023, ele assinou um banquete no Palácio de Buckingham para o rei Charles III, servindo pratos como arroz de pato com tucupi, peixe com musseline de macaxeira e cordeiro com ervas amazônicas, ocasião em que não houve restrições alimentares.
Com informações de Hugo Gloss


