Daniela Marys de Oliveira, 28 anos, arquiteta formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), está detida há sete meses no Camboja após, segundo a família, ter sido enganada por uma falsa oferta de trabalho em telemarketing e submetida a um esquema internacional de tráfico de pessoas.
A mineira embarcou para a cidade de Poipet em 30 de janeiro com a promessa de um contrato temporário de até um ano. Ao chegar ao destino, percebeu que o endereço informado era um complexo isolado, próximo à fronteira com a Tailândia. De acordo com a irmã, Lorena de Oliveira, o passaporte de Daniela foi recolhido assim que ela entrou no local, impossibilitando qualquer saída.
Nas semanas seguintes, outras pessoas atraídas pela mesma proposta chegaram ao complexo. Em março, durante o treinamento, Daniela descobriu que seria obrigada a aplicar golpes virtuais. Ao se recusar, foi informada de que teria de pagar multa para ser liberada. Pouco depois, drogas teriam sido colocadas em sua bagagem e ela acabou presa sob acusação de posse e uso de entorpecentes, sem que as substâncias fossem especificadas.
Desde então, a brasileira permanece na Prisão Provincial de Banteay Meanchey e aguarda audiência marcada para 23 de outubro. Segundo a família, Daniela não fala o idioma local e enfrenta dificuldades na penitenciária. Uma organização não governamental providenciou advogado para acompanhá-la.
Os parentes relatam ainda que criminosos usaram o celular de Daniela para solicitar dinheiro, fingindo ser a própria arquiteta. Antes de perceber o golpe, a família transferiu cerca de R$ 27 mil. Para custear despesas com defesa, passagens e itens básicos, foi criada uma vaquinha virtual com meta de R$ 60 mil.
Imagem: pessoal
O Ministério das Relações Exteriores informou que o caso é acompanhado pela Embaixada do Brasil em Bangkok, seguindo o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas. A pasta declarou que vem realizando gestões junto ao governo cambojano e prestando a assistência consular cabível.
Daniela permanece detida enquanto a família busca recursos para garantir sua defesa e retorno ao Brasil.
Com informações de Hugo Gloss


