A TV Globo cancelou a série documental sobre a revista G Magazine mesmo com a produção praticamente concluída. A decisão foi comunicada internamente nos últimos dias.
Segundo a emissora, o projeto foi interrompido porque “a história não chegou onde a gente queria”. O diretor de produtos digitais, jurídico e ESG do Grupo Globo, Belmar, afirmou que a escolha foi “exclusivamente artística” e negou qualquer tipo de censura: “Como acontece com qualquer produção encomendada, optamos por cancelar”.
Nos bastidores, profissionais ligados à produção relataram que o programa vinha sendo observado de perto por setores da empresa e interpretam o cancelamento como reação ao público mais conservador.
Depoimentos já gravados
A série contava a trajetória da revista criada e editada pela jornalista Ana Maria Fadigas, que circulou entre 1997 e 2013. A publicação conquistou repercussão nacional ao estampar fotos de nudez masculina de figuras conhecidas, entre elas Mateus Carrieri, Vampeta e Alexandre Frota, além de reportagens jornalísticas.
Todos os três gravaram depoimentos para o documentário. Ana Maria disse ao Notícias da TV que soube da decisão pela imprensa e confirmou que parte da equipe já a havia alertado sobre a possibilidade de veto. “Não era um documentário pornográfico. Era sobre a história da nudez masculina e da G Magazine. Se tivesse nudez, era só esconder”, declarou.
Pesquisa sobre valores do público
Fontes ouvidas pela reportagem apontam influência da pesquisa “Brasil no Espelho”, realizada pelo Instituto Quaest a pedido da Globo. O levantamento ouviu quase 10 mil pessoas e mostrou um país majoritariamente religioso (96% dizem acreditar em Deus), com forte vínculo familiar e inclinação política de centro ou centro-direita. Dados desse estudo estariam guiando ajustes de conteúdo na programação e no jornalismo da empresa.
Imagem: Reprodução
Outras produções em análise
Belmar admitiu que outras séries podem ter destino semelhante. Ele citou a segunda temporada de “Vale o Escrito”, que aborda o jogo do bicho no Rio de Janeiro, ainda sem definição de continuidade.
Com o cancelamento, não há previsão de nova data ou plataforma para o material já gravado sobre a G Magazine.
Com informações de Hugo Gloss


