A Polícia Civil de São Paulo identificou, na sexta-feira (17), dois postos de combustíveis em São Bernardo do Campo e Santo André suspeitos de comercializar etanol adulterado com metanol, composto altamente tóxico usado por falsificadores na fabricação ilegal de bebidas alcoólicas.
Os estabelecimentos foram vistoriados por agentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). De acordo com as investigações, o posto localizado em Santo André seria o principal fornecedor do etanol “batizado”.
Operação Carbono Oculto
A ação faz parte da Operação Carbono Oculto, que apura a infiltração da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em todas as etapas da cadeia de combustíveis no país.
Pelas normas da ANP, até 0,5% de metanol pode aparecer no etanol veicular por causa do processo de produção. No entanto, a substância é proibida em bebidas alcoólicas e não é considerada combustível nem aditivo automotivo.
Mortes e intoxicações
Desde o fim de setembro, o Ministério da Saúde confirmou oito mortes — seis em São Paulo e duas em Pernambuco — e registrou quase 150 casos de intoxicação por metanol em todo o Brasil. A polícia relaciona parte dessas ocorrências às bebidas fabricadas com o solvente adquirido nos postos investigados.
Ligação com fábrica clandestina
Os fornecedores também são investigados por suposto envolvimento com um galpão clandestino desmantelado na semana passada em São Bernardo do Campo, onde eram produzidos destilados falsificados de marcas conhecidas, como gin e vodca. Uma mulher foi presa em flagrante na ocasião, e os novos mandados atingem o pai, o ex-marido e outra mulher ligada à suspeita.
Imagem: Internet
Segundo a Polícia Civil, o grupo forneceu as bebidas que provocaram a morte de Claudio Baptista, Ricardo Lopes Mira e Marcos Antônio Jorge Júnior em bares da capital paulista.
Toxicidade do metanol
Quando ingerido, o metanol pode causar náuseas, dor abdominal, confusão mental, cegueira e insuficiências múltiplas de órgãos. A substância atinge rapidamente o sistema nervoso central, rins, pulmões e nervo óptico.
Os proprietários dos postos podem responder por crime contra a saúde pública e associação criminosa. As investigações continuam.
Com informações de Hugo Gloss


