O indiano Viswashkumar Ramesh, único sobrevivente do acidente com o voo AI171 da Air India, falou publicamente pela primeira vez desde a tragédia ocorrida em junho. Em entrevista divulgada pela BBC nesta segunda-feira (3), o morador de Leicester, no Reino Unido, descreveu o sofrimento físico e emocional que enfrenta após escapar da aeronave, que caiu poucos minutos depois de decolar de Ahmedabad.
“Sou apenas um sobrevivente, ainda não consigo acreditar, é um milagre. Perdi meu irmão, meu alicerce”, afirmou Ramesh, referindo-se a Ajay, que estava a poucos assentos de distância e morreu junto às outras 240 vítimas. Segundo ele, as noites são marcadas por insônia e pensamentos constantes sobre o acidente. “Fico sozinho, sem conseguir falar com minha esposa nem com meu filho. Passo as noites pensando, sofrendo mentalmente”, relatou.
Ramesh foi diagnosticado com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) ainda na Índia, mas diz não ter recebido tratamento desde o retorno ao Reino Unido. De acordo com assessores que o acompanham, ele sente dores contínuas nas pernas, costas e ombros, o que o impede de trabalhar ou dirigir. “Quando ando, é devagar; minha esposa me ajuda”, contou.
Indenização contestada
A Air India ofereceu uma compensação provisória de 21,5 mil libras (cerca de R$ 155 mil). Representantes do sobrevivente consideram o valor insuficiente e criticam a falta de diálogo com a companhia. “Quem quer que seja o responsável deveria estar ao lado das vítimas, entender suas necessidades e ouvi-las”, declarou o líder comunitário Sanjiv Patel, que atua como porta-voz da família.
Em nota, a aérea afirmou que o apoio a Ramesh e às famílias afetadas “continua sendo prioridade absoluta” enquanto as investigações prosseguem.
Detalhes do acidente
O voo AI171 seguia para o aeroporto de Gatwick, em Londres, com 232 passageiros e 10 tripulantes. A queda ocorreu às 13h39 (horário local), poucos minutos após a decolagem. Após o impacto, a aeronave pegou fogo, resultando em 241 mortos. Ramesh, que ocupava o assento 11A, escapou por uma abertura na fuselagem.
Imagem: Reprodução
Esta foi a primeira ocorrência fatal envolvendo um Boeing 787, modelo introduzido em 2011 e conhecido pelo histórico de segurança.
Ramesh afirma que, além das sequelas físicas, a família enfrenta grande abalo emocional. “Cada dia é doloroso para toda a família”, resumiu.
Com informações de Hugo Gloss


