São Paulo – Imagens gravadas dentro da residência do youtuber João Paulo Manoel, o “Capitão Hunter”, mostram o momento em que ele é surpreendido por policiais civis e preso na manhã de quarta-feira, 22 de outubro de 2025, em Santo André, Grande São Paulo.
A operação reuniu agentes das Polícias Civis de São Paulo e do Rio de Janeiro. O influenciador, conhecido por produzir conteúdo sobre Pokémon e reunir mais de 1 milhão de seguidores, é investigado por exploração sexual de menores, estupro de vulnerável e produção de pornografia infantil.
Abordagem filmada
No vídeo obtido pela TV Globo e pelo portal g1, o quarto aparece desorganizado, com brinquedos da franquia Pokémon, cabos, celulares e computadores espalhados. Durante a abordagem, um policial informa que o investigado poderá apresentar defesa. João Paulo reage perguntando: “Por que vocês estão me tratando assim?”.
Segundo a polícia, foram recolhidos seis celulares, três pendrives e uma CPU. Em outra gravação, o youtuber deixa o imóvel algemado, com o capuz de um moletom cobrindo o rosto, e é colocado no banco do passageiro da viatura.
Acusações
As investigações apontam que João Paulo expôs suas partes íntimas a dois menores na internet e exigiu que as vítimas fizessem o mesmo. A principal ofendida é uma menina que hoje tem 13 anos; o primeiro contato entre os dois ocorreu quando ela tinha 11, em evento de fãs no Norte Shopping, Rio de Janeiro.
Após um segundo encontro presencial em São Paulo, o influenciador passou a pedir conteúdo sexual à adolescente, enviando também imagens próprias. Em depoimento, a garota relatou videochamadas nas quais ele mostrou o pênis e solicitou imagens das partes íntimas dela.
Numa das mensagens interceptadas, o investigado escreveu: “Amigos mostram a bunda um para o outro, isso são coisas de amigos e você é minha melhor amiga”. Em troca, oferecia cards colecionáveis e pelúcias de Pokémon. A polícia afirma que os abusos começaram em 2023 e se repetiram diversas vezes em 2024.
Estratégia para apagar provas
De acordo com a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), o youtuber tinha ciência da idade da menina e orientava a exclusão dos diálogos. “Tipo, é só ir nos três pontinhos lá em cima, procurar limpar conversa…”, escreveu ele, segundo os investigadores.
Imagem: Reprodução
O celular utilizado nos contatos pertencia à esposa de João Paulo. A polícia ainda apura se um menino de 11 anos também teria sido alvo do influenciador. O material apreendido será periciado e o sigilo de dados já foi quebrado por determinação judicial.
Relatos escritos e avaliação policial
Em julho, a mãe da vítima enviou carta ao Ministério Público pedindo justiça. A própria adolescente descreveu, em outro documento manuscrito, o momento em que o youtuber pediu que ela mostrasse o corpo: “Quando ele me mostrou a dele, eu me assustei. Desliguei o celular e comecei a chorar”.
Relatório policial citado pela TV Globo classifica João Paulo como “abusador com elevado grau de periculosidade” e afirma que ele criava perfis falsos para atrair crianças, usando a fama ligada ao universo Pokémon.
Posicionamento da defesa
O advogado Rafael Feltrin, que representa o youtuber, declarou que “todas as informações, acusações e imputações são absolutamente inverídicas” e serão contestadas “no momento oportuno”.
A prisão ocorreu em flagrante e o influenciador permanece à disposição da Justiça enquanto as investigações continuam.
Com informações de Hugo Gloss


